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Jornalismo alemão: uma prática

publicado por redacao on 02/12/2011 – 04:59nenhum comentário

Na Alemanha, a formação como jornalista pode se dar de várias maneiras, porém majoritariamente através de estágio ou escolas técnicas profissionalizantes

por Anna Carolina Papp

Afinal, quem é de fato o jornalista e o que é o jornalismo, em suas multifacetas? Essas perguntas, tão recorrentes em qualquer parte do mundo, também encontram lugar na Alemanha, uma vez que, no país, a profissão nunca teve definição legal. Ao contrário de outras carreiras, para o jornalismo, não há um tipo de formação determinada, sendo que esta pode se dar através de uma graduação, especialização, escola técnica ou programa de estágio.

Segundo o Goethe Institut, tal “flexibilidade” no que concerne à formação deve-se a duas razões, muito importantes para os profissionais do setor. Primeiro, eventuais excessos na regulamentação poderiam prejudicar a liberdade de imprensa – vitória esta que o país conquistou tardiamente (1949), em comparação aos Estados Unidos ou à Inglaterra. Além disso, acredita-se que os jornalistas necessitam ter talento para a profissão.

WER IST DER JOURNALIST?
Quem é o jornalista?

Qualquer pessoa pode trabalhar com jornalismo e se denominar um jornalista. No entanto, a discussão sobre o papel do profissional e sobre sua maneira de se reportar é sempre muito atual.

 “Todo jornalista é um bom repórter. Repórteres não são nem artistas, nem políticos, nem os estudiosos.”
Egon Erwin Kisch (1885-1948), conhecido
como “o incrível repórter”

Arte: Mayara Teixeira

 

Segundo a Embaixada Alemã no Brasil, pesquisas revelam que o jornalista alemão típico é do sexo masculino, na faixa dos 41 anos, da classe média, comprometido mas sem filhos, com formação universitária e experiência em estágios no início da carreira. Ele trabalha na mídia impressa recebendo aproximadamente 2.300 euros líquidos por mês.

Sobre a profissão, a Associação dos Jornalistas Alemães (DJV) afirma: “Através de uma vasta gama de informação jornalística publicada na mídia, os jornalistas conseguem a base para garantir que cada cidadão reconheça as forças na sociedade e no processo de expressão política e podem participar na tomada de decisões. Estes são os pré-requisitos para o funcionamento do Estado democrático”.

Para alcançar tal missão, a DJV considera que, além de responsabilidade social, capacidade de empatia, criatividade e habilidades linguísticas, o profissional deve apresentar domínio sobre as diversas técnicas da mídia, ter habilidades de design para produtos publicitários, dominar diferentes métodos de pesquisa e análise de mensagens, ter conhecimentos básicos da lei de mídia e conhecer as formas de concorrência e estruturas midiáticas.

Nota-se que, na Alemanha, é esperado que o conhecimento do jornalista ultrapasse o campo da apuração e da linguagem, e que ele se firme como um verdadeiro profissional da comunicação, de mídia, capaz de atender às demandas do mercado de trabalho de forma prática. Assim, apesar de haver alguns poucos cursos de graduação na área, a formação em jornalismo está muito mais atrelada a escolas técnicas e  programas de estágio (volontariat) em empresas jornalísticas. “O que é agora a forma padrão para obter uma qualificação e a única chance – se possível – de conseguir emprego viável, é um diploma de jornalismo juntamente com um estágio profissional. Isso é o que geralmente é feito nos dias de hoje “, disse Hendrik Zörner, da DJV, ao Goethe Institut.

Para Danielle Naves, doutora em Ciências da Comunicação pela USP e membro da Filocom, residente na Alemanha, essa mescla intensa entre o ambiente acadêmico e o mercado de trabalho pode comprometer a formação crítica do estudante: “Acho esse sistema muito comprometido com os ‘ideais’ da empresa, não fornecendo aprofundamento crítico ou teórico suficiente para o aluno”.

Danielle afirma que, para ela, apesar dos problemas existentes em nosso país, a formação do jornalista no Brasil é melhor do que na Alemanha, pelo fato de termos um curso universitário e pessoas que se dediquem exclusivamente à pesquisa científica dessa área. No entanto, ela ressalta: “A vantagem dos alemães é que eles têm uma formação cultural e geral melhor do que a nossa. Eles já saem da escola falando (e bem) dois idiomas estrangeiros, têm bons conhecimentos de historia, sociologia e arte”, afirma.


LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA

Com a Lei Fundamental, que vigorou em 24 de Maio de 1949, foi consagrada a liberdade de imprensa na República Federal da Alemanha (RFA), garantida através do Artigo 5: “Toda pessoa tem direito de expressar e divulgar livremente sua opinião por meio da fala, escrita e ou imagem e informar-se sem obstáculos a partir de fontes de acesso geral. A liberdade de imprensa e de comunicação por rádio e cinema estão garantidos. A censura não se efetua”.

Antes da RFA, não havia de fato efetiva proteção à liberdade de imprensa. No Terceiro Reich, a mídia foi utilizada como um órgão de propaganda e contribuiu para a disseminação da ideologia nazista entre a população. Nesse período, a mídia desempenhou um papel extremamente importante: rádio, cinema e televisão foram usados em grande escala para fins de propaganda, segundo interesses políticos, de uma forma tão contudente como nunca havia ocorrido na história. Até o final de 1943, mais de 900 jornais tinham sido desapropriados. Cerca de 350 jornais (82,5% do total em circulação) eram dirigidos pelo partido nazista.

O Conselho de Imprensa Alemão (Presserat) foi instituído em 1956, a fim de defender a liberdade de imprensa e, ao mesmo tempo, controlar seus limites, propondo que a mídia fosse regida pelo mercado. Praticamente todas as editoras e redações na Alemanha aceitaram o princípio da auto-regulação, baseado num código de princípios estruturado no início dos anos 1970.

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