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Muitos caminhos levam ao jornalismo

publicado por redacao on 02/12/2011 – 04:57nenhum comentário

Na Alemanha, a formação como jornalista pode se dar de várias maneiras, porém majoritariamente através de estágio ou escolas técnicas profissionalizantes

por Anna Carolina Papp

Curso de graduação, pós-graduação, curso técnico, estágio, especialização. Na Alemanha, não existe uma regra de formação para o jornalismo. Esta pode abarcar qualquer uma das formas mencionadas, com destaque para a especialização e para o estágio. De fato, qualquer pessoa pode se considerar jornalista e exercer a função, embora a atividade seja considerada de grande responsabilidade no país.


Diploma (des)necessário

Segundo a Associação de Jornalistas Alemães (DJV), para o exercício jornalístico, é necessário um nível de educação, que pode ser o ensino médio ou uma graduação. Geralmente, o diploma não é requerido para o exercício jornalístico, uma vez que a área é considerada uma especialização. “Não é necessário o diploma, mas o mercado prefere gente que tenha uma formação acadêmica, não importa a área”, diz Danielle Naves, doutora em Ciências da Comunicação pela USP e membro da Filocom, residente na Alemanha.

Quanto à formação, há poucos cursos de graduação em jornalismo, geralmente em instituições privadas. Há ainda o curso superior Kommunikationswissenschaften,  que seria “Ciências da Comunicação”, de grande prestígio e com carga mais teórica, abarcando ética e filosofia, por exemplo. No entanto, o que predomina são cursos de especialização ou cursos de formação técnica na própria empresa jornalística em que se vai atuar, como os fornecidos pela Deutsche Welle e pelos canais estatais ARD e ZDF. “Os cursos técnicos são os mais requisitados e concorridos, mas têm a desvantagem de estarem atrelados ao mercado, o que compromete muito a formação crítica do aluno”, destaca Danielle.

Ana Carolina Nunes, estudante de jornalismo da ECA-USP e intercambista na Goethe-Universität Frankfurt, compara os diferentes tipos de formação no país: “Na Universität, o ensino é mais voltado para a área acadêmica e sempre dura pelo menos 4 anos. Mas há também as Fachhochschule, que são como escolas de ensino superior, mas não são voltadas pra pesquisa, elas são mais técnicas, ou seja: você aprende a fazer, e não a pensar. Algumas faculdades têm também Masters voltadas pra área de mídia”, diz ela, que está cursando Política, uma vez que a Goethe-Universität Frankfurt não possui cursos na área de comunicação.

De escola para escola

Em um país no qual a formação em jornalismo é muito variada, as particularidades de cada tipo ficam por conta das instituições. A Escola de Henri Nannen, (Henri-Nannen-Schule), criada em 1979 e uma das mais conceituadas, não exige formação prévia; as únicas restrições  são a idade (entre 19 e 28 anos) e a fluência em alemão. O processo seletivo é acirradíssimo: 20 selecionados para cerca de 1.500 candidatos. O treinamento consiste em cursos na escola, com duração de 31 semanas, e uma parte bem prática, de cerca de mais oito semanas. São abordadas habilidades fundamentais da profissão jornalística, junto com todas as formas habituais de jornalismo – notícias, artigos, relatórios, análise, entrevistas e comentários. Os alunos fazem estágios em quatro departamentos editoriais diferentes.

Curso de jornalismo na Henri-Nannen Schule

A Escola Alemã de Jornalismo (Deutsche Journalistenschule), em Munique, é a mais antiga escola de seu tipo na Alemanha. Já em 1949, deu início ao primeiro Seminário de Jornalismo. Foi dirigida por Werner Friedmann, editor-chefe do jornal Süddeutsche Zeitung e editor do Abendzeitung. A instituição baseia-se em modelos de escolas de jornalismo no exterior, principalmente na Universidade de Columbia, em Nova York. Dois cursos são oferecidas: um compacto de 16 meses e um de cerca de 18 meses, seguidos de mais três semestres de “Jornalismo Prático” na Universidade de Munique. Nos primeiros nove meses do curso compacto, os alunos aprendem habilidades fundamentais de imprensa (cinco meses), rádio (dois meses) e telejornalismo (dois meses). Seguem-se estágios de três meses: um em um jornal diário e outro à escolha do aluno.

Há ainda escolas especializadas em um determinado ramo jornalístico, como a Georg-von-Holtzbrinck, voltada ao jornalismo econômico, a Escola de Jornalismo de Colônia, com foco em política e economia, e a RTL Escola de Jornalismo, direcionada à televisão, uma vez que pertence à rede alemã RTL.


O passaporte

Mesmo em meio a tantas opções de cursos, o principal meio de ingresso no mercado de trabalho jornalístico na Alemanha é o volontariat  – estágio, que consiste em um treinamento de até dois anos em empresas do ramo. “O volontariat não é obrigatório, mas, na prática, acaba sendo. Na maioria das vezes, esse estágio substitui sim a faculdade de jornalismo; é o aprendizado direto no mercado de trabalho”, diz Danielle Alves. “Aqui [na Alemanha], todos os canais de televisão e grandes jornais têm um programa de volontariat.

Segundo dados da Embaixada Alemã no Brasil, cerca de 80% dos novos profissionais que chegam ao mercado jornalístico realizaram um estágio na imprensa, rádio ou agências de notícias. A conclusão do ensino médio é pré-requisito para quem pretende se candidatar. Quem não tem acesso à universidade deve comprovar ao menos experiência profissional em alguma área, sendo que a maioria dos candidatos já trabalhou como freelancer. Aproximadamente 90% dos estagiários têm algum tipo de formação prévia.

A intercambista Ana Carolina Nunes comenta: “A maioria das pessoas que trabalha com jornalismo aqui [na Alemanha] faz algum curso de Humanas e depois um estágio de graça, o tal Volontariat, em uma redação”, diz. “A maioria dos estágios gratuitos aqui são oferecidos por empresas privadas, e o aluno que tem que buscar a vaga”.

 

 

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