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Estudantes de jornalismo sofrem com busca por estágios e inserção no mercado laboral

publicado por redacao on 02/12/2011 – 04:03nenhum comentário

Alunos podem trabalhar a partir do terceiro ano, mas situação se torna cada vez mais difícil com a crise econômica

Por Alice Agnelli

Em 2010, 2.826 alunos do ensino superior espanhol terminaram seus estudos de jornalismo. 2.000 deles se formaram em universidades públicas – sendo a Complutense de Madri a que teve a maior quantidade de alunos (509). Os outros 826 receberam o diploma de universidades privadas. Veja a tabela abaixo:

 

ALUNOS FORMADOS EM 2010

Universidades Espanholas Total de Alunos
Autónoma de Barcelona 266
Carlos III 87
Complutense de Madrid 509
Illes Balears 29
Málaga 90
Miguel Hernández de Elche 23
Murcia 83
Universidades Públicas Pompeu Fabra 66
Rey Juan Carlos 136
Rovira i Virgili 42
Santiago de Compostela 90
Sevilla 254
Valencia (Est. General) 69
Valladolid 87
Outras não identificadas 169
Abat Oliba-CEU 4
Antonio de Nebrija 20
Camilo José Cela 13
Cardenal Herrera-CEU 111
Católica S. Antonio de Murcia 36
Europea Miguel de Cervantes 22
Europea de Madrid 56
Universidades Privadas Francisco de Vitoria 44
IE Universidad 15
Internal. de Catalunya 24
Navarra 70
Pontificia de Salamanca 121
Ramón Llull 104
San Jorge 62
San Pablo-CEU 93
Vic 31
TOTAL 2826

FONTE: INE

 

Ao analisar a localização geográfica das universidades de jornalismo da Espanha, percebe-se que grande parte encontra-se nas principais cidades espanholas: Madri, a capital; e, Barcelona, pólo econômico do país. Confira abaixo quais são:

 

Madrid Barcelona
Rey Juan Carlos Pompeu Fabra
Complutense de Madrid Abat Oliba-CEU
Antonio de Nebrija Internal. de Catalunya
Camilo José Cela Ramón Llull
Europea de Madrid
Francisco de Vitoria
IE Universidad
San Pablo-CEU

FONTE: INE
Por serem os pólos político e econômico do país, supõe-se que neles se concentra uma maior oferta de trabalho. De fato, segundo dados de 2011 do Infoempleo, juntas Madri e Barcelona representam quase 40% da distribuição da oferta de trabalho da Espanha:

 

  Madri Barcelona
2010 18,79 18,44
2009 18,44 16,71

FONTE: INE
Na área de jornalismo, a hipótese é de que isso se mantenha, já que as sedes das grandes empresas de comunicação se concentram nessas cidades. Com isso, é de se imaginar que a maioria dos alunos de jornalismo possui facilidade para ingressar no mercado enquanto realizam seus estudos. Certo? Errado.

Na Espanha, poucos são os estudantes que efetivamente realizam estágios durante o curso acadêmico. Quando estive estudando no país, surpreendeu-me a quantidade de alunos que não trabalhavam durante a graduação. Alguns começavam com trabalhos na própria faculdade – como nas bibliotecas – e seguiam para outras instituições conforme se aproximam das etapas finais da graduação. No entanto, a crise econômica pela qual passa o país vem afetando o ingresso desses jovens ao mercado laboral e diminuindo cada vez mais a chance de arranjar um emprego durante a graduação.

 

Para aprender a prática

Se por um lado, a implantação do Plano de Bolonha favorece a preparação mercadológica dos estudantes, pois ele se baseia na formação profissional do universitário; por outro, ainda faltam aulas práticas para que eles estejam de fato preparados – já que o mercado não consegue suprir essa demanda oferecendo estágios. Segundo o Livro Branco (Aneca, 2004), 56% dos alunos concordam que disciplinas práticas estão entre as mais importantes – mas que, ao mesmo tempo, estão entre as que enfrentam maiores problemas.

Francisco Caro e Gloria Jiménez, professores da Universidade de Sevilla, problematizam a situação dos estudantes de jornalismo em seu artigo Jornalistas: o acesso ao mercado laboral. Para eles, há um confronto entre os objetivos acadêmicos e profissionais: “As universidades buscam formar pessoas com conhecimentos profissionais que contribuam ao crescimento da sociedade, formam pessoas com espírito critico”, contam os professores, “por outro lado, o mundo empresarial exige máquinas intelectuais que aumentem a produtividade com pouco investimento”.

No entanto, em 2001, um estudo divulgado pela empresa de consultoria de recursos humanos “Circulo de Progreso”, mostrou o contrário. A carreira com maior potencial de inserção laboral era jornalismo. Ele apontou que 41,42% das ofertas para jornalistas não exigiam experiência anterior, o que facilitava a entrada. Se por um lado, isso permite o acesso à profissão aos alunos, por outro, precariza as condições trabalhistas, já que firmam-se contratos temporais ou de “bolsistas” que se prolongam por muitos anos.

Os professores Caro e Glória explicam que apesar da inserção ao mercado laboral parecer ser mais fácil, a permanência nele é difícil, assim como a qualidade do trabalho. Para eles, é comum que estudantes de jornalismo sejam contratados para suprir as tarefas que deveriam ser realizadas por profissionais. Com uma diferença: muitas vezes eles não são remunerados e, se o são, os salários costumam ser baixíssimos.

Pilar Pelares, aluna de jornalismo da Universidade Carlos III, conta que há casos em que o estudante recebe uma “bolsa” de 300 euros para trabalhar oito horas por dia. “Isso, em Madri, chega a ser praticamente a metade de seus gastos mensais”, reclama.

 

Diretrizes para os estágios

Em 2003, a Conferência de Decanos de Faculdades de Ciências da Comunicação aprovou por unanimidade a Proposta de dez pontos para harmonizar as práticas externas dos alunos das Faculdades de Ciências da Comunicação e da Informação, um documento que reúne as diretrizes para os estágios.

Entre os pontos, foi decidido que as práticas deveriam durar, no máximo, quatro meses, e que seriam não-obrigatórias, com no máximo 25 horas de trabalho por semana. A bolsa oferecida ao aluno fica a critério do empregador, sendo que a prática pode ou não ser remunerada. O número de profissionais deve ser superior ao dos estagiários, que devem seguir um “Plano de Formação” autorizado pela faculdade. Ainda na proposta, considera-se que o período para realizações dos estágios se restrinja ao segundo ciclo, ou seja, a partir do terceiro ano.

A Federação de Sindicatos dos Jornalistas da Espanha (FeSP) também estabeleceu alguns critérios sobre as práticas dos estudantes nas empresas. O Criterios da FeSP sobre as prácticas dos estudantes nas empresas foi publicado em outubro de 2004. Ele tem o objetivo de “por fim ao abuso contra estagiários por parte das empresas”, e, para isso, pede um consenso entre alunos, empresas e faculdades. “A utilização das práticas de estudantes de jornalismo em cargos estruturais da empresa se transformou em um método recorrente das empresas para reduzir seus custos e dispor de mão de obra barata”, diz.

 

Panorama desfavorável

Mesmo com as diretrizes de estágio, a estudante de jornalismo Maria Valerón, da Universidad Carlos III, expõe que a situação laboral permanece complicada. Segundo ela, os estagiários costumam trabalhar gratuitamente para conseguir experiência e isso se estende mesmo depois de formado: “Muitos jornalistas passam os primeiros anos de sua carreira trabalhando de graça para algum meio de comunicação”.

 

Miquel Andreu, jornalista formado em Barcelona, acrescenta que a situação está cada vez pior: “A crise econômica que estamos sofrendo desde 2008 está causando demissões em massa de trabalhadores, o fechamento dos meios de comunicação, reduzindo salários e direitos, etc. Isso faz com que o que tenha um trabalho se torne um sortudo”.

Segundo o Informe Anual da Profissão Jornalística, editado pela Associação da Imprensa de Madri (APM), em 2011 o setor teve um aumento de 78% no número de desempregados, se comparado com 2010. Atualmente, quase 10 mil jornalistas não encontram emprego, o que resulta em um panorama assustador: apenas um em cada dois licenciados em jornalismo encontra trabalho.

Pilar Perales, aluna de jornalismo da Universidad Carlos III, aponta que a situação não é nada favorável: “Você se vê no quarto ano da faculdade, sem nenhum estágio feito e a ponto de sair para um mercado laboral praticamente inexistente quanto às ofertas e supersaturado em demanda”. Celia Becerra, da mesma universidade, concorda. “É muito duro e a maioria de nós, infelizmente, acaba se desmotivando com o trabalho. Esperemos que a situação melhore”.

 

Referências

AGUADED, José e TIRADO, Ramón. La situación en el mercado de trabajo de los titulados en el ámbito de la comunicación. Universidad de Huelva, 2003. Disponível em:  ww.educaweb.com/esp/servicios/monografico/comunicacion/103670.asp  

CARO, Francisco e JIMÉNEZ, Gloria. Periodistas: El acceso al mercado laboral. Universidad de Sevilla, 2006. Disponível em: http://grupo.us.es/grehcco/ambitos%2015/15caro.pdf

FARIAS, Pedro (org.). Informe Anual de la Profesión Periodística Associacion de la Prensa de Madrid. Madrid, 2011

VIDELA, José Juan. La formación de los periodistas en España: perspectiva histórica y propuestas de futuro. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 2004. Disponível em: http://eprints.ucm.es/tesis/inf/ucm-t25979.pdf

Criterios de la FeSP sobre las prácticas de los estudiantes en la empresas. Federación de Sindicatos de Periodistas-FeSP, 2004. Disponível em: http://www.fesp.org/docs/FeSP-Practicas.pdf

Propuesta  de diez puntos para armonizar las Prácticas Externas de los alumnos de las Facultades de Ciencias de la Comunicación y de la  Información. Bellaterra (Cerdanyola del Vallès), 2003. Disponível em: http://www.sindicat.org/spc/docum/uploads/RA%20propuesta%20diez%20puntos%20armonizar%20practicas%20periodismo.pdf

Comentarios de la Federación de Sindicatos de Periodistas (FeSP) a la  Propuesta  de

Diez puntos para armonizar las Prácticas Externas de los alumnos de las Facultades de Ciencias de la Comunicación y de la Información aprobada por la Conferencia de  Decanos.Junta Ejecutiva de la FeSP, 2004. Disponível em: http://www.fesp.org/docs/DocumentoDecanosConComentarios.pdf

Becarios: masivo fraude de ley.  Sindicato de Periodistas de Madrid, 2004. Disponível em: http://www.fesp.org/docs/estudiants.pdf

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